Recentemente atendi alguns pacientes com artrose que comentaram melancolicamente do “azar” de serem portadores de uma doença não tão grave.  Explico melhor:

 

Enquanto que a Artrite reumatóide é uma doença progressiva e incapacitante, a artrose era tida como uma doença degenerativa, relacionada com o próprio envelhecimento, sem grande gravidade para a saúde.  Por este motivo, gastou-se muito dinheiro e muito tempo na pesquisa de tratamentos eficientes para a artrite reumatóide enquanto que a artrose ficou meio que abandonada, no entender destes meus pacientes.

 

É verdade que a pesquisa em artrite reumatóide avançou vertiginosamente. Enquanto isso, com a maior sobrevida e consequente envelhecimento da população, a artrose se transformou em um grande problema de saúde, motivo importante de incapacidade funcional e perda de qualidade de vida.

 

No entanto eu quero enfatizar outro lado desta história.

 

Em primeiro lugar, ao contrário do que se imagina, a artrose tem sido sim muito estudada. Se do ponto de vista medicamentoso os avanços ainda são discretos, o conhecimento da doença cresceu enormemente nos últimos anos. O próprio nome da doença mudou para osteoartrite refletindo o conhecimento atual de um caráter mais inflamatório da doença (e não apenas degenerativo como o termo “artrose” sugeria).

 

Em segundo lugar, hoje está bem clara a relação entre sintomas de artrose dos joelhos e força da musculatura de membros inferiores. Esta relação é extremamente útil não apenas no tratamento, mas, também na prevenção da artrose.  A artrose de joelhos é uma causa importante de incapacidade, mas, a evolução da artrose não está obrigatoriamente relacionada com dor ou incapacidade.  Vários estudos têm demonstrado que exercícios de fortalecimento diminuem ou previnem a dor e a incapacidade independentemente da evolução da artrose ao exame radiológico.

 

Os avanços que ocorrem dia após dia nos laboratórios, olhando em tubos de ensaios e microscópios não aparecem para o grande público. Já o lançamento de novos medicamentos é sempre divulgado com grande alarde. Os medicamentos viram verdadeiras vedetes, mas, tem seu lado negativo.

 

O uso de medicamentos gera uma atitude passiva do paciente frente ao seu tratamento.  Isto é particularmente ruim em doenças crônicas cujo tratamento é tão dependente da participação ativa do próprio paciente.

 

Assim sendo, enquanto aguardamos novidades que virão em breve no tratamento da osteoartrite (ou artrose- como queiram) convém lembrar que existem sim, medidas eficientes no controle da dor e da incapacidade. O tratamento deve ser bem orientado, porém, depende principalmente de uma conduta pró-ativa do paciente.