Antigamente chamada de Síndrome de Reiter, a doença mudou de nome e o nome correto atual é Artrite Reativa. Este nome é bem mais ilustrativo daquilo que a doença é, ou seja, uma forma de artrite que acontece como “reação” a alguma coisa, no caso, algumas infecções.

Então vamos lá:

Artrite significa inflamação na articulação. Se caracteriza por dor e inchaço da articulação afetada.  Artrite pode ter muitas causas, entre elas a artrite reumatóide e artrite psoriática já comentadas em outras postagens.  Além destas causas autoimunes uma artrite pode também ser causada por infecções.  Neste caso vai ser chamada de” Artrite Infecciosa”.  Mas a artrite reativa é diferente da artrite infecciosa. Ao contrário desta, ela não é causada pela invasão da articulação pelo germe (bactéria, vírus ou fungos) mas sim por uma reação à presença destes germes em outro local. Daí o nome reativa.

A artrite reativa se enquadra no grupo das espondiloartropatias. Para entender melhor este conceito, sugiro ler o texto publicado neste blog, especificamente sobre este tema.   Como expliquei lá, esta família de doenças compartilha alguns aspectos clínicos e genéticos (particularmente a relação com o gene HLA B 27), mas, a artrite reativa tem suas peculiaridades.

Esta doença ocorre mais em homens entre 20 e 50 anos de idade, como reação a infecções causadas por certas bactérias como a Chlamydia trachomatis (que causa infecção genital) e algumas bactérias relacionadas com infecções intestinais como a Salmonella, Shigella e Yersínia. A Chlamydia é uma infecção sexualmente transmissível que pode passar desapercebida e não causar sintomas ou provocar ardor para urinar e descarga purulenta pela uretra em homens. Já as bactérias intestinais, são causadoras frequentes de diarréia na população geral mas, apenas uma minoria, geneticamente predisposta desenvolve o quadro de artrite reativa.

O quadro articular começa alguns dias ou semanas após o quadro infeccioso podendo ser bastante intenso com muita dor e inchaço exuberante da articulação acometida. No entanto é importante lembrar que, a infecção genital pode passar totalmente desapercebida.

Tipicamente a doença se manifesta por dor e edema principalmente nos joelhos, tornozelos dedos e pés, as vezes acompanhada de dor lombar de característica inflamatória (dor que piora com repouso, melhorando com a movimentação). O quadro pode ser exuberante acompanhado de vermelhidão local e mal estar geral. Alguns pacientes desenvolvem, ainda, um quadro bastante característico de descamação da pele na sola dos pés e palma das mãos.

Existem duas formas de apresentação desta doença.  Uma parcela de pacientes tem o quadro agudo e intenso, mas de evolução limitada. Nestes pacientes o tratamento da crise leva a resolução do quadro sem a necessidade de medicação de forma contínua. Ainda assim recidivas são frequentes, particularmente se ocorrerem novas infecções.   Outro grupo de pacientes, principalmente aqueles com HLA B 27 positivo, evoluem de forma crônica muito semelhante às demais espondiloartrites.  Nestes casos, há necessidade de tratamento imunossupressor prolongado para evitar sequelas permanentes.