Dor nas juntas é um sintoma extremamente frequente e com muitas causas possíveis.  Quase todo mundo teve alguma vez alguma dor articular, em geral relacionada com atividades da vida diária ou trauma sem que isto levasse a maior preocupação. Porém quando alguém diz que tem artrite, tudo muda de significado.  A palavra artrite, assim como o termo reumatismo remete a uma ideia de doença e não apenas um sintoma.

Portanto, vamos em primeiro lugar esclarecer alguns conceitos:

O termo artrite significa apenas que uma articulação está inflamada. Falar em artrite não identifica uma doença ou uma causa.   Assim como uma pessoa pode ter uma artrite traumática (inflamação articular causada por um trauma local) inúmeras outras doenças podem causar artrite, cada qual com suas características e tratamentos específicos.  Uma destas situações é a artrite reumatóide que é muitas vezes chamada apenas de artrite, de forma abreviada.

A artrite reumatóide precisa ser diferenciada de outras formas de artrite como a artrite psoriática a artrite da gota, a artrose (também chamada de osteoartrite) e muitas outras. Cada uma delas evolui de forma distinta e é tratada também de forma específica.  Porém quando finalmente chegamos ao diagnóstico de artrite reumatóide, estamos realmente falando de uma situação única?

A artrite reumatóide é uma doença inflamatória crônica que afeta cerca de 1% da população.  É uma doença frequente e, sem tratamento, altamente incapacitante. Para o seu diagnóstico, o médico deve juntar várias peças de um quebracabeça que inclui dados da história do paciente, observações de exame físico, achados de exames de laboratório e de exames de imagem.  Não é uma tarefa simples, particularmente no início da doença. Este diagnóstico depende de treinamento e conhecimento especializados.  Ainda assim, uma vez diagnosticada o médico tem em mãos um diagnóstico específico que permite prever o tipo de evolução esperada e, principalmente, permite escolher corretamente o tratamento com maior benefício.

O tratamento da artrite reumatóide envolve vários aspectos, mas o tratamento medicamentoso é uma parte central e essencial da estratégia de controle da doença. Se até pouco tempo haviam poucas opções que realmente conseguissem impedir a evolução da doença, tudo isto mudou nas últimas décadas. Uma grande variedade de novos medicamentos surgiu e modificou para sempre a história natural desta doença.

Com toda uma gama de opções disponíveis a doença tem sido eficientemente controlada na imensa maioria dos casos, principalmente quando o tratamento é iniciado precocemente. Ainda assim, existe uma grande variabilidade individual na resposta aos diferentes medicamentos disponíveis que faz com que a melhor opção de tratamento para um paciente não seja a melhor opção para outro.

Em outras palavras, poderíamos dizer que existem várias artrites reumatóides diferentes ou, melhor colocado, várias pessoas diferentes com artrite reumatóide.  Uma das consequências do conceito de “medicina personalizada” é a capacidade de decidir melhor o tratamento para cada pessoa e a ciência está avançando rapidamente neste sentido.

Na prática, já usamos resultados de exames laboratoriais e características clínicas de cada um na hora de optar por este ou aquele medicamento, porém o grau de individualização está se sofisticando, paralelamente com o grande aumento nas opções terapêuticas.

Esta é uma área em constante evolução com novidades surgindo o tempo todo. Se o tratamento da artrite reumatóide evoluiu radicalmente nos últimos anos, veremos em breve ainda mais mudanças, para melhor.