No final de março de 2020 foi iniciada uma aliança internacional para registro de informações sobre a evolução de pacientes com doenças reumáticas durante a epidemia de COVID -19.

Os primeiros dados deste registro vêm de encontro com as informações que compartilhei no meu Blog no final de abril:

  • Os fatores de risco para uma forma mais grave da infecção são os mesmos para a população geral ou para os pacientes reumatológicos, ou seja, idade avançada, comorbidades como diabetes, obesidade e doença pulmonar prévia, entre outros.

 

  • A boa notícia veio das observações da evolução dos pacientes em uso prévio de medicamentos biológicos contra o anti TNF alfa que parece estar associado a uma redução significativa do risco de hospitalização. Os medicamentos anti TNF alfa (vários produtos diferentes nesta categoria), são muito frequentemente utilizados no tratamento da artrite rematóide, artrite psoriática e  espondiite anquilosante. São os medicamentos biológicos mais utilizados, portanto aqueles mais representados neste registro.

 

Esses resultados preliminares ainda derivam de um número insuficiente de registros para permitir conclusões sobre o risco com uso de outros tipos de medicações biológicas. Com o passar do tempo teremos mais dados que tragam evidências mais fortes, mas tudo indica que estas medicações não representem um risco aumentado durante a epidemia, pelo contrário, podem ser protetoras da evolução grave.

 

Apesar de serem medicamentos de altíssimo custo, existem vários estudos em andamento, avaliando sua utilidade em pacientes internados com formas graves da doença. No entanto, este registro está permitindo acesso a informações derivadas da situação única vivida pelos portadores de doenças reumáticas autoimunes, que já utilizam estes medicamentos de forma continua.

 

  • Por outro lado, dados iniciais deste registro, têm mostrado que o uso crônico da cloroquina (em geral hidroxicloroquina), nas doses utilizadas nas doenças reumáticas, não tem sido um fator protetor quanto à necessidade de hospitalização.

 

Na verdade, a Reumatologia vem ganhando um destaque especial com a epidemia do novo coronavirus, exatamente pela experiência antiga que já possuímos no manuseio de medicamentos que visam bloquear uma reação inflamatória exagerada que ocorre nas nossas doenças, bem como nos casos mais graves de COVID-19.

 

 

FONTES

  • Bruce Jancin, plataforma MEDSCAPE Rheumatology, 21de maio de 2020
  • Conticini E, Bargagli E, Bardelli M, et al. Ann Rheum Dis Epub ahead of print