Em 2023 o cenário da COVID é outro.  Afinal, agora temos as vacinas e muito mais dados do que tínhamos no começo da pandemia.

Ainda assim, continua sendo um foco importante de preocupação, e muitas pessoas têm dúvidas a respeito da eficácia e da segurança das vacinas em particular para portadores de doenças reumáticas em uso de medicamentos imunossupressores.

Será que existe realmente motivo para esta preocupação?  Depois de três anos de pandemia, já existem dados acumulados suficientes para responder esta questão?

A resposta é, provavelmente sim.  Já existem dados sugerindo que pessoas com doenças reumáticas autoimunes têm maior incidência de infecções virais e maior risco de hospitalização por COVID. Na verdade, estes dados não são uniformes.

Cada doença reumática é diferente e cada paciente também é diferente. Portanto o risco envolvido com a COVID também depende de muitos fatores individuais.

Os fatores de risco clássicos como idade avançada, diabetes mellitus e outras doenças crônicas, valem igualmente para os portadores de doenças reumáticas e têm um peso bem maior do que a própria doença reumática.

Os medicamentos imunossupressores também afetam a defesa contra a COVID de forma heterogênea, alguns medicamentos impactando bem mais do que outros.

Aliás, alguns medicamentos imunossupressores também afetam a qualidade da resposta às vacinas. Em outras palavras, quando são vacinados, os pacientes que tomam essas drogas não desenvolvem anticorpos tão bem quanto a população em geral.

Por isso mesmo acho oportuno ressaltar as recomendações médicas oficiais que permitem esclarecer as principais dúvidas que possam surgir em 2023 quanto a vacinação contra COVID.  Neste sentido, o Colégio Americano de Reumatologia publicou em janeiro 2023 suas recomendações de vacinação para portadores de doenças reumáticas

Segue abaixo um resumo destas recomendações sem entrar em detalhes individuais que devem ser discutidos caso a caso:

1-    Pacientes com doenças reumáticas autoimunes devem ser priorizados na vacinação.

2-    Pacientes imunossuprimidos tem uma resposta vacinal diminuída o que pode levar a necessidade de doses adicionais

3-    As vacinas devem, idealmente, ser aplicadas com a doença estando sob controle.  Uma exceção a esta regra são pacientes graves, de altíssimo risco, que devem ser vacinados assim que possível.

4-    Existe um risco potencial de piora transitória da doença após nova dose de vacina, mas este risco é baixo e obviamente bem menor do que o risco associado à COVID

5-    Pessoas que coabitam ou convivem muito próximos de pacientes imunossuprimidos também devem priorizar suas vacinas para diminuir o risco ao paciente.

 

De uma maneira geral, as doenças reumáticas autoimunes precisam ser controladas com medicamentos imunossupressores.  O bom controle destas doenças é prioritário pois a doença ativa pode causar consequências graves que são, elas próprias, fatores de risco para COVID mais grave.  Então, muito embora as drogas imunossupressoras possam aumentar o risco de COVID, o não uso delas pode ser bem pior para quem tem doença autoimune.

 

O que fazer na prática?  

Converse com seu médico pois estes medicamentos podem ter esquemas de tratamentos ajustados perto da época em que você for tomar a vacina, melhorando assim a eficácia da vacina, mas, em hipótese alguma deixe de tomar as vacinas conforme o calendário que vier a ser apresentado durante o ano de 2023.