Discos velhos: boa música?

Eu sou do tempo do disco. Depois vieram as fitas cassete, os CDs e o Spotify. Desculpem-me os saudosistas, mas, a meu ver, foram sempre mudanças para melhor. O disco dava muito problema, arranhava com frequência, quebrava, entortava, ficava velho e trazia má qualidade de música.

Na coluna também temos os discos intervertebrais que ficam velhos muito rapidamente. Pasmem. A partir dos 16-18 anos de idade esta estrutura já começa a degenerar.

Os discos intervertebrais são estruturas que separam uma vértebra da outra, servindo de amortecedores e permitindo movimentos da coluna.

Mas como fica a música da coluna com o envelhecimento do disco?

Com o envelhecimento o disco desidrata, altera sua composição química, diminui de espessura e sofre outras alterações de forma e função. Os métodos modernos de imagem (como a ressonância magnética) permitem acompanhar essas alterações no disco de forma bastante detalhada.

Mas, quais destas alterações causam dor lombar e quais não têm nenhuma relação com a dor que o paciente está sentindo?   Esta pergunta é muito importante porque muitas alterações acontecem em pessoas que não tem, nem nunca terão dor nas costas.

Apesar da lombalgia ser uma das doenças mais comuns da humanidade, o processo de degeneração discal ainda não foi suficientemente estudado. No entanto, este cenário está mudando. Estamos acumulando conhecimentos que devem mudar a maneira de diagnosticarmos e tratarmos da dor lombar crônica e da patologia do disco.

Por enquanto fica a mensagem: O perigo está em considerar um disco com alterações nos exames como a causa da dor em pacientes que sofrem de lombalgia crônica, acreditando que a cirurgia do disco irá resolver o problema.   Nem sempre este é o caso, aliás, na maioria das vezes é exatamente o contrário.

Enquanto não inventamos um ”Spotify da coluna” fica a dica: Cuidado com conclusões precipitadas baseadas em exames de imagem.  Na coluna, discos velhos podem sim reproduzir uma boa música.