A artrite reumatoide é uma das doenças mais comentadas em todas as mídias que lidam com doenças reumáticas.  Não é para menos. Ela é uma doença comum que afeta cerca de 1% de toda a população mundial.  Além disso, é uma doença crônica que pode evoluir com deformidades graves se não tratada adequadamente.

Do ponto de vista científico também, a artrite reumatoide provoca enorme interesse. Basta ver alguns dados históricos

  • Logo após a segunda grande guerra, a descoberta da cortisona e seu uso em pacientes com artrite reumatoide levou os pesquisadores ao prêmio Nobel de Medicina. Nesta mesma época, nos Estados Unidos, foi descoberta a autoimunidade e sua estreita correlação com a artrite reumatoide, lúpus e outras doenças reumáticas. Estes fatores estão entre os principais eventos que levaram ao crescimento da própria reumatologia como especialidade médica
  • Antes da segunda grande guerra o tratamento se baseava exclusivamente no uso de aspirina (ou derivados) em altas doses. Exceto por uma melhora temporária da dor, este tratamento não impedia a evolução da doença e tinha efeitos colaterais bem complicados como sangramento digestivo.
  • Logo após a guerra, investigadores americanos sintetizaram a cortisona e utilizaram este novo medicamento para pacientes portadores com AR. A resposta foi imediata e brilhante. No entanto, a novidade era muito boa para ser verdade. Apesar de sua grande eficácia no combate imediato da inflamação e, portanto, melhora da dor, a cortisona também não tinha qualquer eficácia na evolução da doença e seu uso prolongado causava inúmeros efeitos colaterais indesejáveis e graves.
  • Nas décadas subsequentes várias drogas foram tentadas com eficácia apenas discreta. Foi só na década de 1980 que o metotrexato começou a ser amplamente utilizado com bons resultados no tratamento da AR.  Este foi um marco importante pois, pela primeira vez havia um medicamento que não apenas melhorava os sintomas mas também impedia a evolução da doença. Ainda assim, uma parcela significativa dos pacientes não respondia adequadamente ao tratamento, ou era intolerante a medicação. Outras opções surgiram no final dos anos 1990 e, a partir do início do novo século o mercado foi literalmente inundado por novas classes de medicamentos altamente eficientes no controle da doença.

O tratamento da AR é uma questão prioritária de saúde pública. Hoje dispomos das medicações necessárias para o seu tratamento, porém, a doença permanece crônica, ou seja, o tratamento é continuo e envolve gastos astronômicos, atualmente completamente cobertos pelo SUS.

O principal inimigo do portador de AR é o início tardio do tratamento ou o tratamento irregular.  É importante entender que o objetivo do tratamento é barrar a evolução da doença, conseguindo assim evitar que surjam deformidades irreversíveis.

O cenário mudou radicalmente. Se antes tínhamos uma doença invariavelmente incapacitante e deformante com um grande impacto na qualidade de vida e redução da sobrevida, atualmente a AR tornou-se uma doença controlável, situação esta, infinitamente melhor do que há poucos anos atrás.